Assim como uma parte das mulheres da minha idade, cresci vendo os filmes das princesas Disney. Cresci assistindo à Cinderela, à Branca de Neve, à Pequena Sereia, à Bela Adormecida e tantas outras. Decorei falas de personagens, músicas e queria me vestir como uma delas. Era principalmente encantada com a Ariel, pelo fato de querer ser livre, sair do comum e desrespeitar às leis do próprio rei para ser feliz.
Quando assisti à Mulan, creio que tenha sido a primeira vez que minha mente deu um clique.“Cara, ela salvou a China”, era o que eu pensava. E foi o mocinho que ficou com ela, não o contrário. Mesmo que a Ariel seja um espírito rebelde, tinha a impressão de que Mulan era mais do que isso. Ela não queria ficar com o rapaz no final, ela queria fazer a sua parte para salvar todo mundo das garras do mal. Casar foi uma consequência, talvez.
A ficha não caiu rápido. Só depois de muitos anos vendo e revendo os filmes das princesas Disney. Claro, afinal, não é o tipo de coisa que indagamos quando crianças. Geralmente a gente só quer que as partes de música passem logo e voltar para a história. :P A meu ver, há três princesas que julgo burlarem todo esse discurso de alcançar a perfeição: Mulan, como já falei antes, Rapunzel e – principalmente – Merida. Vamos analisá-las um pouquinho?
Mulan não queria aprender a ser uma boa noiva. Chegou despenteada, atrasada e com uma cola de boas maneiras escrita no braço no encontro com a casamenteira. Tinha uma diferente concepção da sua mãe de honra e era desengonçada, mas o seu jeito de ser foi o que salvou o país. Rapunzel, de tanto tempo presa numa torre, aprendeu a desenhar e mapeou as estrelas. Assim que um intruso chega em sua torre, ela usa os cabelos para nocauteá-lo. E não, ela não é uma garotinha assustada que precisa de um cara que a salve. Ela sabe se virar.
E o que dizer de Merida? Na verdade, ela é o motivo de eu escrever esse post hoje. Confesso que demorei mais do que o esperado para assisti-lo, mas creio que vi na hora certa. A história, além de linda, ensina muito às crianças. Merida é wild & free e isso percebemos assim que olhamos seu cabelo. Rebelde e ruivo, tão diferente das demais princesas. Ela não suporta o fato de que precisa se comportar como uma princesa (ou casar), já que adora cavalgar livremente e treinar sua mira com arco e flecha. Os vestidos da realeza atrapalham muito e, em um momento, ela chega a rasgá-los para conseguir manusear sua arma. Para mim, ela foi a declaração explícita da Disney/Pixar de que suas princesas jamais serão as mesmas.
Merida, Rapunzel e Mulan não queriam ir ao baile, não andavam em florestas e esbarravam com seus príncipes, não cantavam em nome do amor e não deram trabalho para seus pais por conta de rapazes. Elas apenas queriam lutar pela sua liberdade
Nenhum comentário:
Postar um comentário