Spoilers? Quase nenhum! E prometo que são bem levinhos. ;)
Eu tenho um péssimo hábito. Quanto mais pessoas falam de determinada coisa, menos eu tenho vontade de ver. Isso é com livros, seriados, filmes… tudo. Só conseguem me convencer de assistir ou ler quando me indicam um texto ou resenha que tenha argumentos muito bons a favor da dele. Nem sempre todas as coisas que são indicadas massivamente pelas pessoas são boas, né. Precisa dar uma peneirada. Bom, se você é assim como eu e ainda não assistiu a sérieOrange is the New Black pelo motivo que citei acima, aqui está um post que irá te fazer mudar de ideia (que responsa).
Vamos começar pelo começo. Orange is the New Black é uma série do Netflix inspirada no livro homônimo que conta a história verídica de Piper Kerman, uma mulher de classe média-alta americana, loira e de olhos azuis, que vai parar na cadeia por ter sido comparsa de sua ex-namorada traficante. A história mostra o dia a dia das detentas numa prisão de segurança mínima nos Estados Unidos. Claro que o seriado é um pouco mais caricato e romantizado, com personagens e cenas que nunca existiram na vida real, mas isso não o torna menos incrível.
1 – A abertura
Cantada por Regina Spektor, You’ve Got Time, a abertura de OITNB é enorme, mas é incrível. Todos os rostos que aparecem são de detentas de verdade. Achei legal eles mostrarem essas mulheres e um pouco de suas características. Só ficamos imaginando o tanto de histórias que se passaram por todos aqueles olhos. E tenho quase certeza de que a última pessoa que mostram é Catherine Cleary Wolters, que inspirou a personagem Alex Vause. O que vocês acham?
2 – Uma história de mulheres feita por mulheres
A primeira coisa que me fez ver OITNB com outros olhos foi sua produção: criado por umamulher (Jenji Kohan) com base na história de vida de outra mulher (Piper Kerman). Ou seja, narrativa, linguagem, conceito e propósito novos. Os homens em OITNB são coadjuvantes e não os personagens principais. Mais que isso: o enredo não expõe estereótipos de personagens femininas clássicas das produções normais – elas têm personalidades próprias, são extremamente poderosas e são a maior fonte de reflexões e risadas no seriado inteiro.
Elas têm nome, vida própria, caminham com seus próprios pés e pensam com suas próprias cabeças. Tudo o que uma mulher normal é e faz, mas parece que poucas produções seriadas e cinematográficas perceberam isso. Além do mais, o sucesso da série é um belo tapa de luva na indústria que acha que “mulher não vende”.
3 – Diversidade entre as detentas
A série é riquíssima em diversidade, tanto de cor e aparência física quanto de gênero, orientação sexual e classe social. E isso é lindo de se ver. Mostrar mulheres na beleza das suas diferenças, sem repressão. Enquanto os seriados comuns fazem questão de mostrar nuas apenas garotas esteticamente aceitas pela indústria, Orange vai além e apresenta a realidade. Gordas, magras, altas, baixas, negras, latinas, brancas, idosas… estejam elas em boa forma física ou não, porque é isso aí, é dessas diferenças que o mundo é feito. Elas não estão lá para fazer homem gozar – estão lá para representar a população carcerária americana feminina.
4 – Histórias de vida cativantes
Um dos trunfos do seriado são as histórias de vida das personagens. Todas elas tiveram suas lutas – e a da Piper é a mais privilegiada de todas. Enquanto ela, a garota rica e branca, percebe que suas características físicas a colocam em um lugar de prestígio, as detentas de outras etnias são mais humilhadas e menosprezadas. A princípio, podemos não ir com a cara de uma delas, mas é só conhecer um pouco de sua história que já começamos a admirá-la.
Sim, fizeram coisas erradas e agora estão pagando por isso, mas continuam sendo seres humanos, no final das contas. Além disso, há uma frase no seriado que me chamou bastante a atenção. A policial, Susan Fischer, fala com Piper que ela não é melhor que nenhuma delas. A única diferença é que nas suas más escolhas, ela não foi pega.
5 – Personagens muito bem construídas
As personagens são complexas e muitas discussões são levantadas em cada episódio, o que torna a obra como um todo bastante importante. Uma delas está em torno da personagemSophia Burset, interpretada pela magnífica Laverne Cox, uma transexual. Com a produção, Laverne pôde levantar reflexões sobre os direitos das pessoas transexuais. Além disso, temos os casos extremos das detentas Rosa e Daya; uma vítima de um câncer nos ovários e a outra engravidou de um policial. Sem contar com as histórias de presas idosas e de presas com problemas mentais, que são mais exploradas na segunda temporada.
6 – É difícil escolher uma preferida
Nenhuma personagem é óbvia ou se encaixa em um estereótipo. Além disso, a produção foi muito feliz ao contratar aquelas afiadíssimas atrizes para cada papel. Todas elas pouco conhecidas (até assistir, só conhecia a Laura Prepon, que intepreta a Alex Vause) e cheias de talento para incrementar o seriado. Suzanne “Crazy Eyes” Warren é um dos destaques, interpretada por Uzo Aduba, junto com a Tiffany “Pennsatucky” Doggett (interpretada por Taryn Manning) e a russa Galina “Red” Reznikov (interpretada por Kate Mulgrew). É impossível citar apenas uma personalidade cativante do roteiro. Dá vontade de falar um pouco sobre todas elas. Diante de tantas pessoas incríveis, Piper até sai do foco do seriado depois de um tempo.
7 – Diálogos ácidos e espertos
A série sobre a vida de mulheres em um presídio não é só retratada de maneira dramática. Em vários momentos, as detentas destilam seu ácido humor para cima de outras. Uma das partes mais engraçadas é protagonizada por Big Boo (interpretada por Lea DeLaria), que conta para a católica fervorosa Pennsatucky os planos das lésbicas de dominar o mundo. Além disso, as moças são cheias de referências da cultura pop, o que também garante um riso fácil!
8 – Livros, livros e mais livros
Estou querendo começar um OITNB Book Club, afinal, são tantos os títulos que vemos as detentas lendo e citando! Virginia Woolf, J.K. Rowling, Jane Austen, John Green, William Shakespeare, Stephen King, Victor Hugo e James Joyce, por exemplo, são autores que aparecem, explicitamente ou não, pelos episódios. Esse post do Leitor Cabuloso mostra bem alguns dos livros mencionados no seriado.
9 - Sororidade
Por piores que sejam as condições, elas conseguem se apoiar umas às outras. Seja em amizades verdadeiras ou numa relação de mãe e filha. Elas tomam conta e cuidam de si, porque, afinal, elas não podem contar com mais ninguém. Um seriado que fala só sobre mulheres, com essa intensidade, é algo para ficarmos atentas. OITNB está caminhando num terreno não antes explorado, com casais lésbicos, questionamento de velhas convenções sociais, subestimação do sexo masculino e sororidade.
10 – E está logo ali, no Netflix!
Vamos combinar que o Netflix facilita toda a nossa vida. Além de filmes legais, ainda podemos acompanhar direitinho a algumas séries que gostamos. A vantagem nesse caso é que, como é uma série do próprio Netflix, você pode ter certeza que ela vai estar presente por lá, com todos os episódios. E se o primeiro episódio não te agradou, não desista. Digo por experiência própria. A partir do quarto ou quinto episódio em diante, você não vai sossegar até chegar ao final da segunda temporada.
Quando terminar, eu digo: seja bem-vinda à parcela da população mundial que não aguenta de tanta ansiedade pela terceira temporada. Mas força aí que ela só vai chegar no Netflix no meio do ano que vem. Enquanto isso, acho que vale a pena rever tudo de novo e tentar achar algum diálogo inteligente que deixamos passar sem querer.
Quando terminar, eu digo: seja bem-vinda à parcela da população mundial que não aguenta de tanta ansiedade pela terceira temporada. Mas força aí que ela só vai chegar no Netflix no meio do ano que vem. Enquanto isso, acho que vale a pena rever tudo de novo e tentar achar algum diálogo inteligente que deixamos passar sem querer.
{REBLOGANDO}
Nenhum comentário:
Postar um comentário