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Boyhood, 12 anos de gravação.

O filme conta a história de um casal de pais divorciados (Ethan Hawke e Patricia Arquette) que tenta criar seu filho Mason (Ellar Coltrane). A narrativa percorre a vida do menino durante um período de doze anos, da infância à juventude, e analisa sua relação com os pais conforme ele vai amadurecendo.
12 anos. Foi o tempo que Richard Linklater passou rodando, em segredo, Boyhood - Da Infância à Juventude. Todo ano, ele reunia a equipe por alguns dias e filmava algumas cenas. O processo começou em 2002, com o filme ficando pronto em 2014. Só isso já seria o bastante para despertar a curiosidade do público, mas o longa é mais do que um projeto interessante, é algo único do ponto de vista cinematográfico.
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 "O resultado dessa investida ousada de Linklater é um ensaio simples, comovente e realista sobre a vida, o tempo, o amadurecer". Leia acrítica completa, escrita por Eliakim Junior
Boyhood

"Boyhood parece buscar a emoção genuína e ela, para Linklater, não passa necessariamente por cenas lacrimosas nem se apóia em curvas dramáticas com efeitos colaterais. A cena final da mãe, extremamente realista, prova como o diretor subverte as regras. O choro vem sem maniqueísmo, sem cálculo. O sentimento real, parece dizer o diretor, está na identificação com Mason, que ressalta a humanidade (ou as humanidades) da personagem e do espectador. Essa recusa pelo modelo mais tradicional, e consequentemente mais fácil, limita o lirismo em potencial do filme. Boyhood não é o filme “lindo” como estamos acostumados a ver. A beleza está muito mais no segundo plano. É preciso alcançá-la. A questão, para o cineasta, parece ser: por que usar de artifícios quando o ser humano já é demasiadamente interessante?"

O filme não tem uma história, conta os pequenos detalhes. Esses detalhes me passaram a sensação de ser momentos cujo os quais foram importantes pro Mason, que ficaram na memória dele, e o fato do filme ter o mesmo elenco me transmitiu ainda mais essa mensagem.
Trata-se de um filme sobre a beleza do ordinário, nada é extraordinário (salvo o resultado final da obra). Temos um menino comum em situações comuns cercado por gente comum. É importante valorizar também a presença de Lorelei. Apesar de Mason ser o centro da história, a irmã Samantha também protagoniza cenas marcantes.
Tudo é muito bem pensado, principalmente as passagens de tempo. São transições bem inseridas dentro de um roteiro inteligente e especial. A trama talvez peque um pouco ao criar situações repetitivas demais na vida amorosa da mãe, mas existe algo mais humano do que repetir erros na vida romântica?




A cada ano, nos últimos doze anos, o cineasta reuniu o mesmo elenco para gravar uma sequência que dava continuidade à história do protagonista. Foi preciso 1) ajustar as filmagens às agendas de Ethan Hawke e Patricia Arquette; 2) lidar com o fato de que sua filha, Lorelei, que interpreta a irmã de Mason, chegou a desistir de ser atriz e pediu para que sua personagem fosse eliminada do filme, e 3)se adaptar a um protagonista inexperiente que teria que submeter ao projeto por mais de uma década:
Ellar Coltrane foi escolhido aos 5 anos para um trabalho de onde só saíria aos 18.

"Boyhood é um filme que fala sobre a vida e os pequenos momentos do inicio dela. Os mesmos pequenos momentos que passam despercebidos pela maioria das pessoas, que superestimam o verbo "viver" para algo além da simplicidade necessária para ser feliz. Pessoas que não conheceram a sensação de ter um padrasto alcoólatra, uma pai ausente, uma mãe guerreira, pessoas que não sabem o que é fugir da sua própria casa, que não sabem o que é ver a tristeza "TRISTE" por não conseguir tirar o sorriso do rosto da sua mãe, pessoas que não viram essa mesma mãe chorar quando foi a hora de você sair de casa, pessoas que não viveram tais sensações raramente irão absorver tudo o que esse filme propõe. Talvez, para algumas dessas pessoas o filme pode não passar de mais uma obra "Indie", repleto de sentimentalismo banal, e sem foco. Mas pra quem realmente viveu pelo menos um tema abordado por esse filme, sentiu no peito a sensação de assistir uma das melhores obras da sétima arte em 100 anos. Nada mais nada menos que a vida fielmente representada em menos de 3 horas." Cauan Duarte



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