12 anos. Foi o tempo que Richard Linklater passou rodando, em segredo, Boyhood - Da Infância à Juventude. Todo ano, ele reunia a equipe por alguns dias e filmava algumas cenas. O processo começou em 2002, com o filme ficando pronto em 2014. Só isso já seria o bastante para despertar a curiosidade do público, mas o longa é mais do que um projeto interessante, é algo único do ponto de vista cinematográfico.
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"O resultado dessa investida ousada de Linklater é um ensaio simples, comovente e realista sobre a vida, o tempo, o amadurecer". Leia acrítica completa, escrita por Eliakim Junior
"Boyhood parece buscar a emoção genuína e ela, para Linklater, não passa necessariamente por cenas lacrimosas nem se apóia em curvas dramáticas com efeitos colaterais. A cena final da mãe, extremamente realista, prova como o diretor subverte as regras. O choro vem sem maniqueísmo, sem cálculo. O sentimento real, parece dizer o diretor, está na identificação com Mason, que ressalta a humanidade (ou as humanidades) da personagem e do espectador. Essa recusa pelo modelo mais tradicional, e consequentemente mais fácil, limita o lirismo em potencial do filme. Boyhood não é o filme “lindo” como estamos acostumados a ver. A beleza está muito mais no segundo plano. É preciso alcançá-la. A questão, para o cineasta, parece ser: por que usar de artifícios quando o ser humano já é demasiadamente interessante?"
Trata-se de um filme sobre a beleza do ordinário, nada é extraordinário (salvo o resultado final da obra). Temos um menino comum em situações comuns cercado por gente comum. É importante valorizar também a presença de Lorelei. Apesar de Mason ser o centro da história, a irmã Samantha também protagoniza cenas marcantes.
Tudo é muito bem pensado, principalmente as passagens de tempo. São transições bem inseridas dentro de um roteiro inteligente e especial. A trama talvez peque um pouco ao criar situações repetitivas demais na vida amorosa da mãe, mas existe algo mais humano do que repetir erros na vida romântica?
A cada ano, nos últimos doze anos, o cineasta reuniu o mesmo elenco para gravar uma sequência que dava continuidade à história do protagonista. Foi preciso 1) ajustar as filmagens às agendas de Ethan Hawke e Patricia Arquette; 2) lidar com o fato de que sua filha, Lorelei, que interpreta a irmã de Mason, chegou a desistir de ser atriz e pediu para que sua personagem fosse eliminada do filme, e 3)se adaptar a um protagonista inexperiente que teria que submeter ao projeto por mais de uma década:
Ellar Coltrane foi escolhido aos 5 anos para um trabalho de onde só saíria aos 18.
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